Apesar destas evoluções inevitáveis, esta região tem mantido um forte carácter nos saberes, nos costumes, crenças, tradições e rituais no seio de uma população cuja matriz etnológica é diversificada, com enriquecedoras influências transmontanas, beirãs, galegas e vareiras e com algumas diferenças a nível das três sub-regiões que tradicionalmente se definem: Baixo-Corgo, de feição mais sub-atlântica pela posição geográfica mais ocidental, Cima-Corgo a sub-região central de cariz mais marcadamente mediterrâneo e a mais interior sub-região do Douro-Superior, ibero-mediterrânica, conforme se pode ver no mapa anexo. A cultura vinhateira, sendo marcadamente predominante, é acompanhada por outras culturas mediterrânicas como a oliveira, a amendoeira e a laranjeira, esta última confinada aos locais abrigados no fundo dos vales e junto ao rio Douro, surgindo a cultura de fruteiras diversas na região de transição para os planaltos transmontanos a norte e beirões a sul. É tradicional a plantação de oliveiras e por vezes de amendoeiras ou cerejeiras na bordadura dos vinhedos, aspeto esse que, sendo enriquecedor da beleza paisagística, está a ser de novo implementado e há que realçar o facto de que nesta região, ao contrário de outra regiões vinícolas europeias, a vinha não ocupa toda a paisagem, apenas 30% no Baixo Corgo, 20% no Cima-Corgo e 7% no Douro-Superior, alternando com outra culturas, com bosquetes onde predominam sobreiros, azinheiras e zimbros e com matos arbustivos, alguns dos quais são antigas vinhas mortas no tempo da filoxera e que por esse motivo se denominam «mortórios», matos esses onde predominam também espécies mediterrânicas como medronheiros, estevas, rosmaninhos, tomilhos, lentiscos, troviscos, piornos, giestas, sumagres e cornalheiras, toda esta diversidade conferindo uma beleza ímpar a esta magnífica paisagem. Como base de todo um prestígio ancestralmente granjeado pela região do Alto Douro, está o facto de ter sido a primeira região vinhateira do mundo a ser demarcada e regulamentada, sendo nesta regulamentação absolutamente pioneira – como simples demarcação geográfica, será a segunda ou terceira – mas a sua regulamentação, no sentido de balizar a produção e o comércio na defesa de um alto padrão de qualidade, é prodigiosa, pois continua a ser atual e todas as regiões vinícolas mundiais vão seguindo, na sua essência, os conceitos na nossa definidos desde a sua demarcação há precisamente 250 anos.